sábado, 5 de junho de 2010

Entrevista com Daniel Moura

Tribuna da Bahia - A Bahia é uma terra de ritmos, cores e musicalidade. Como o flamenco emerge nesse universo?
Daniel Moura - Embora a porção de espanhóis residentes na Bahia seja eminentemente galega, o flamenco ganha espaço justamente por essas aproximações rítmicas e por ser uma dança de características fortes, viris e sensuais. Assim, o flamenco emerge com seus toques de guitarra e cajon fazendo com que o baiano seja instigado a experimentar essa dança em suas variadas formas de representação. Existem ritmos que se aproximam mais de uma identificação musical como as rumbas e os tangos. As rumbas com o canto mais descontraído e uma marcação muito próxima da salsa e os tangos que têm compassos semelhantes às composições das músicas populares. A sensualidade e virilidade de alguns bailes, também são fortes influências na manutenção do flamenco no universo baiano.

TB - O que o público pode esperar do espetáculo “Entre Carmens e Severinas”?
Daniel Moura - Depois de algumas experimentações feitas em espetáculos anteriores como Flamenco por Moura (2007) e Al compás de Mariita (2008), desta vez trago para o flamenco, mais especificamente na música, referências da cultura nordestina. As músicas cantadas em português, em sua maioria, são de compositores nordestinos. Esta escolha partiu de um olhar que teve o feminino como premissa. A organização dramatúrgica sugere uma sutil passagem por aspectos da vida de uma e muitas mulheres, desde o seu desabrochar como o “mandacaru que fulorá na seca” até a dualidade dos seus sentimentos representados “entre a serpente e a estrela”. No espetáculo Entre Carmens e Severinas, a estética da escrita de cordel projeta uma construção dramatúrgica na encenação, costurando uma trajetória entre os acontecimentos, estabelecendo relações entre música e baile. Desta forma, com esses elementos acredito que o público vai se deparar com uma composição harmônica de culturas que compartilham suas peculiaridades em função da arte.

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